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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Resistência Tupinambá: 24 a 29 de setembro de 2013

Via:  Israel Iberê-Uaná Sassa Tupinambá


CONVITE DO POVO TUPINAMBÁ PARA TODOS OS POVOS (INDÍGENAS E NÃO-INDÍGENAS)

Convidamos a todxs para participar da "V Trajetória Índio Caboclo Marcelino" de 24 a 28 de Setembro e da "XIII Caminhada Tupinambá", dia 29 de Setembro de 2013.

Acreditamos que sabem dos ultimos acontecimentos na região de Una, Buerarema, Itabuna e Ilhéus, onde a tensão tomou conta, até o momento foram 5 atentados contra veículos federais, onibus de estudantes alvejados de tiros, Tiros em aldeia, 2 indígenas assassinados, e uma tentativa de assassinato no atentado incendiário contra a residencia de liderança da aldeia Itapoã.

Todxs estão convidadxs a conhecer a história dxs Tupinambá de Olivença, conhecer a cultura, a resistência e discutir como contribuir com a causa.

Todos os dias iniciando com rituais do povo Tupinambá e durante todo o evento terá mais expressões culturais do povoTupinambá e de outros povos convidados.

A Caminhada Tupinambá é em memória dos Mártires Tupinambá, e relembra o massacre do Rio Cururupe, como ficou conhecido um ato genocida do estado.

Esperamos todas e todos para discutirmos e manifestarmos juntos.

Pelas Retomadas Tupinambá!

Links: veja informações aqui http://wp.me/p1duRL-1uR



quinta-feira, 25 de julho de 2013



 Cinco Anos do Evento “Índio Caboclo Marcelino” e XIII Caminhada Tupinambá 2013:

 Quando o Seminário Virou Trajetória Olivença/Território Tupinambá (Ilhéus/ Bahia) (de 24 à 29 de setembro de 2013)

 “Jacy îandé Jacy Mba-e pé moindy îandé taba Tupã our tym Isapé îandé taba Ixé asô Xe sy Jacy To-uri pitibõ Ixé asó Xe uby Tupã Pé îandé taba by Ama mba’é Taba Ama Supy Atã Tupã Ama mba’é Taba Ama Amaé Tupã Piain Ndêtã Ama mba’é Taba Ama Ama Paui Betã Ama mba’é Taba Ama Taba Tupinambá”

 (Canção Ritual Tupinambá) (“Jacy é nossa lua / Que clareia nossa aldeia / Tupã venha arramiar / Iluminar nossa aldeia / Eu vou pedir a minha mãe Jacy / Que ela venha a nos ajudar / Eu vou pedir a meu pai Tupã / Para nossa aldeia se levantar / Levanta essa aldeia, levanta / Com as forças de Tupã / Levanta essa aldeia, levanta / Olha Tupã seus os filhos / Levanta essa aldeia, levanta / Levanta sem demorar / Levanta essa aldeia, levanta / A Aldeia Tupinambá”)

 http://www.youtube.com/watch?v=UL6kCQpBq_I           

É com esta canção ritual do Povo Tupinambá que iniciamos nosso convite para você participar da quinta versão do evento batizado como Índio Caboclo Marcelino: História, Cultura e Lutas dos Povos Indígenas do Brasil e da América Latina (de 24 à 28 de setembro de 2013) que acontece às vésperas da histórica e significativa XIII Caminhada Tupinambá em Memória aos Mártires do Massacre do Rio Cururupe e ao Índio Marcelino (29 de setembro de 2013). Eventos realizados no Território Tupinambá localizado em Olivença (Ilhéus- Sul da Bahia). Com este cântico inicia-se o rito do Porancy, realizado em diferentes momentos pelos Tupinambá de Olivença, especialmente, no início e fim de encontros importantes como serão os que aqui anunciamos. Lembrando que o Índio Caboclo Marcelino tem sua história relacionada ao desejo de discentes e docentes da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC em tornar a temática indígena como um dos temas fundamentais desta instituição. O evento nasceu em 2008 como uma atividade da disciplina História Indígena do Curso de História da UESC (Ilhéus/Bahia). Foi realizado, novamente, em 2009. Porém, em 2010 não aconteceu, ressurgindo em 2011 como uma resposta de um grupo de pessoas dentro e fora da UESC, indígenas e não indígenas, às perseguições, criminalizações, reintegrações de posse e prisões que sofria e ainda sofre o Povo Tupinambá de Olivença. 

           Em 2012 ocorreu o que chamamos simbolicamente a Retomada do Seminário pela Comunidade Tupinambá. No ano passado (2012) foi totalmente realizado nas Aldeias localizadas no Território Tupinambá, contando com a expressiva participação indígena na organização, concretização da programação, infraestrutura e atividades desenvolvidas. Num contexto marcado pela: autodemarcação territorial que os Tupinambá realizam no sentido que aconteça o mais rápido possível a demarcação de suas terras; e pela criação do Grupo de Observadores Nacionais e Internacionais de Apoio à Luta do Povo Tupinambá de Olivença. 

          A experiência de 2012 foi marcante pela grande participação de pessoas vindas de outros países (Argentina, Colômbia, França), estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais), cidades, localidades e bairros de Ilhéus, Itabuna e região. Marcou também a expressiva presença indígena Tupinambá, Pataxó Hã Hã Hãe, Pankararu, Pataxó, Kariri-Xocó, Xukuru. O evento inteiramente realizado nas Aldeias localizadas: em Santana (Cachoeira Redonda); Aldeia Itapoã (Águas de Olivença); e Aldeia Gwarini Taba Atã (Syryhba). O ambiente de entendimento, compartilhamento e troca de informações e culturais foi o tom do evento em 2012 e, certamente, será o clima das atividades em 2013.

           O Índio Caboclo Marcelino vem ganhando expressão e importância também por seu caráter interdisciplinar (participam: historiadores, educadores, antropólogos, sociólogos, psicanalistas, geógrafos, jornalistas, profissionais da área jurídica) e, fundamentalmente, pela presença da população indígena. O Seminário é internacional porque conta com a participação de argentinos, colombianos e franceses. Entretanto, o conhecimento acadêmico e de diferentes culturas é colocado em diálogo constante com os saberes tradicionais numa relação de respeito e intercâmbio.

           O evento importa também por vivermos numa região (Sul da Bahia) formada por povos indígenas que ainda encontram-se na luta pela demarcação de suas terras ancestrais, contra a criminalização e perseguições que sofrem: Tupinambá, Pataxó, Pataxó Hã Hã Hãe. Não obstante, estas lutas não ocorrem somente nesta região. Os Povos Originários brasileiros e da latinoamerica cada vez mais se mobilizam pela conquista e manutenção de seus direitos e dos territórios tradicionais. Como consequência confrontam-se com politicas, normatizações jurídicas, administrativas e manifestações contrárias aos seus direitos. Enfrentam mesmo ações de violências através de reintegrações de posses, crimes de mortes, tortura, prisões, ações racistas, perseguições. Por isto que a organização do Índio Caboclo Marcelino ocorreu através de reuniões na comunidade e ouvindo lideranças e caciques. Foi em algumas destas reuniões que o evento mudou de nome: deixou de ser chamado de Seminário para Trajetória. Esta palavra simboliza de forma mais clara o que significa o evento no contexto do Povo Tupinambá: caminhos que são percorridos secularmente, desde os tempos dos ancestrais remontando a ideia de memórias, identidades, culturas e lutas dos povos indígenas. Assim, em 2012 ocorreu a retomada do Seminário pelo Povo Tupinambá e em 2013, no quinto ano de sua existência, surgiu seu novo nome: Trajetória Internacional Índio Caboclo Marcelino: História, Cultura e Lutas dos Povos Indígenas do Brasil e da América Latina. Quem sabe em 2014 o evento ganhe seu nome indígena? As Aldeias e Áreas também foram escolhidas nestas reuniões como parte da comunidade indígena Tupinambá. A intenção é cada vez mais contar com a presença dos povos indígenas na organização do evento e em todos os seus momentos como participantes em suas mesas, oficinas, seminários, mostras de filmes e expressões culturais/rituais, a exemplo do Porancy. Portanto, é um evento que possui a UESC como uma das realizadoras porque surgiu incialmente na Universidade e tem entre seus organizadores estudantes e professores da Universidade. Entretanto, queremos que seja cada vez mais organizado a partir da Comunidade Indígena.

           A V Trajetória Internacional Índio Caboclo Marcelino envolve, assim, a comunidade indígena e não indígena. Por isto nas rodadas de conversa tem sempre a presença de índios e não índios. Nesta direção a parceria com a Jornada Mal Estar na Cultura – Medo só enriquece o evento pelo histórico cultural e social dos que formam o Projeto Etcétera e Tal... Psicanálise e Sociedade. Os horários do evento são diferenciados em decorrência das distâncias e da diversidade de lugares de seus participantes.

           Salientamos que esta Trajetória, que carrega em seu nome a importante figura do guerreiro indígena Caboclo Marcelino (veja texto sobre Marcelino neste espaço), tem como um de seus propósitos ser um evento que não fique restrito ao mundo acadêmico. O objetivo é que ele seja resultado da ação da comunidade local/regional, especialmente, a indígena. Por isto a ideia é que a Trajetória ocorra sempre no mês de setembro, próximo ao último domingo, quando acontece a Caminhada Tupinambá em Memória aos Mártires do Massacre do Rio Cururupe e à Luta de Caboclo Marcelino (29/09/2013).

      Deste modo, queremos que este evento não ocorra apenas por uma necessidade acadêmica ou resultante da obrigatoriedade constituída pela Lei 11.645, de 10 março de 2008, que: “estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

       Ao mesmo tempo, vale salientar que a proposta da Trajetória  é ampliar, aprofundar e contribuir com a discussão sobre a história, memória, cultura e lutas (passadas e atuais) dos povos indígenas do Sul da Bahia, mas também de outros lugares, no Brasil e na América Latina. Desejamos contribuir com a luta contra a criminalização, atentados e racismo que vivencia a população indígena brasileira e latino-americana na luta por suas terras ancestrais e reconhecimento étnico: A força dos povos indígenas brasileiros, assim como da América, vem da natureza de “la Madre Tierra" - Pachamama". A luta pelas terras tradicionais não é para a obtenção de propriedades. É a luta pelo sagrado, pela natureza e por aqueles que mais a preservam: os índios. Quando um índio está na natureza ele não está só. Com ele estão: o sagrado, seus ancestrais, os parentes mortos e vivos. Como escreveu Aguirre Rojas sobre a luta indígena em Chiapas no México: "los dignos indígenas rebeldes de Chiapas hablan de la tierra la que para ellos, igual que para los indígenas ecuatorianos o bolivianos, y también para los índios brasileños (ou argentinos), no connota a un simple bien comercial y transferible, ni a un pedazo geográfico del terreno degradado a la condición de mercancía, sino más bien a la verdadera “Madre Tierra”, a la “Pachamama”, concebida como fuente general e imprescindible de la vida..." (SANTOS, Carlos José F. ”A Solidão na Metrópole: a cidade Pós-Moderna”. In: Ia. Jornada Internacional “Mal-Estar en la Cultura: la Soledad. São Paulo/General Del Pico: Proyecto Etcétera y Tal... psicoanálisis y sociedad - Digitado, 2011)

           Fazemos assim nossas as palavras que estão no sítio Índios Online:  O Estado Brasileiro tem uma dívida histórica com os Povos Indígenas, é preciso mais que urgente que todos os cidadãos brasileiros somem forças para cobrar que esta dívida seja definitivamente paga com a demarcação dos Territórios Tradicionais. É por causa dessa inércia do Estado que somos obrigados a fazer por nossa conta e risco a auto-demarcação de nossos Territórios Tradicionais. Nós Indígenas não somos invasores de terras. Quando o Brasil foi invadido pelos portugueses, aqui já existiam os hoje chamados indígenas. Nossos ancestrais já habitavam este território chamado Brasil. (http://www.indiosonline.org.br/novo/cacique-maria-valdelice-presa-injustamente/comment-page-1/#comment-15881). Por fim, destacamos que cinco anos de evento como este é uma demonstração de quanto a força dos conhecimentos acadêmicos voltados para as diferentes comunidades, somada a energia dos saberes indígenas, podem produzir sabedorias alternativas e vivas. Encerro evocando a energias dos encantados da natureza: 

ORAÇÃO DO SOL 

Oh grande espírito, cuja voz escuto nos ventos e cujo alento dá vida a todo o mundo. Ouve-me! Sou pequeno e fraco, sou pequeno e fraco, necessito de tua força e sobedoria. Deixa-me andar em beleza e faz com que meus olhos possam sempre contemplar o vermelho e a púrpura do pôr-do-sol. Faz com que minhas mãos respeitem tudo o que fizeste e que meus ouvidos sejam aguçados para ouvir tua voz. Faz-me sábia e sábio para que eu possa compreender as coisa que ensinaste ao meu povo. Deixa-me aprender as lições que escondestes em cada folha, em cada rocha. Busco força, não para ser maior que meu irmão e irmã, mas, para lutar contra meu maior inimigo - eu mesmo . Faz-me sempre pronta e pronto para chegar a ti com as mãos limpas e com o olhos firme a fim de que, quando a vida apooar, como se apooa o poente, o meu espírito possa estar contigo sem se envergonhar. 

BEM VINDOS À:  V Trajetória Internacional Índio Caboclo Marcelino: História, Cultura e Lutas dos Povos Indígenas do Brasil e da América Latina & XIII Caminhada Tupinambá em Memória aos Mártires do Massacre do Rio Cururupe e à Caboclo Marcelino Olivença – Ilhéus – Bahia Território Tupinambá AWÊRE !!! Créditos/Fotos: - Foto de Fundo do Ritual Porancy (2012): Naélia Cristina Forato  - Foto Tema da Oca Tupinambá (2012): Mauricio Pinheiroclique aqui

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