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quarta-feira, 20 de julho de 2011

As histórias dos índios, por eles mesmos

Via Eliane Potiguara:




Debora lerrer

Publicação original: 19 de julho de 2011 às 19:50h


Programa nacional de bibliotecas impulsiona (ainda mais) as vendas de livros escritos por indígenas
Ameaçada por grilagem de terras, desmatamento, garimpo, obras de governos e minada pela discriminação, a cultura dos povos indígenas brasileiros resiste (agora também) em forma de literatura e conquistando espaço no mercado editorial. Há uma boa safra de escritores indígenas dedicados à literatura infanto-juvenil e publicados por diversas editoras, inclusive grandes como Martins Fontes, Paulinas e FTD. O ano de 2011 deve terminar com pelo menos 19 títulos novos no mercado, entre os quais A cura da terra, de Eliane Potiguara, pela Global Editora, e Mondagará, de Rony Wasiry Guará, pela Saraiva.

Esse interesse se deve, em parte, à Lei 11.645, aprovada em 2008, que criou a obrigatoriedade de se tratar a temática indígena e afro-brasileira no currículo escolar brasileiro. Mas também é possível que nomes como Daniel Munduruku, Graça Graúna, Yaguarê Yamã e Olívio Jekupé estejam ganhando as prateleiras das livrarias do país graças a suas vendagens, turbinadas recentemente pelas compras governamentais, via PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola).

A Global, com 11 livros de autores indígenas em seu catálogo, publicou o primeiro O Povo Pataxó e Suas Histórias em 1999 e depois não parou mais. Segundo seu editor, Luis Alves Junior, esses livros já vendiam bem antes da lei, tanto que alguns deles já haviam ganhado reimpressões – o livro Você se lembra, pai? de Daniel Munduruku, publicado em 2003, é um deles.

A lei chegou anos depois da articulação de escritores indígenas em encontros nacionais, liderados pelo pioneiro Munduruku, e deflagrada há oito anos com grande apoio institucional da Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil. “Nós não endossamos o trabalho destes autores porque são indígenas, mas porque estão fazendo uma literatura de qualidade para as crianças”, diz Beth Serra, presidenta da Fundação.

Doutor em Educação e autor de 43 livros, a maioria dos quais infanto-juvenis, Munduruku, de 47 anos, editou seu primeiro livro, Histórias de Índio, em 1996, pela Companhia das Letrinhas, depois de bater em várias portas. Hoje já tem 20 edições.“Lançar livro para criança da cidade com ótica indígena era difícil. Na época, era sempre antropólogo, escritor, historiador que escrevia sobre o índio, que não tinha voz nem vez no mercado editorial”.

De lá para cá, Munduruku já abocanhou vários prêmios nacionais e internacionais, como o “Jabuti” de 2004 pela obra Coisas de índio, da Callis Editora.

Natural de Belém (PA) mas vivendo em Lorena (SP) há mais de 20 anos, Munduruku é formado em Filosofia, com Licenciatura em História e Psicologia. Ele chegou à literatura infanto-juvenil através de suas experiências como professor e educador social de rua da Pastoral do Menor em São Paulo, onde acabava contando as histórias que escutava quando vivia entre seus parentes aldeados.

Para ele, a literatura funciona como “maracá”, o chocalho que é utilizado como instrumento de cura pelos pajés. Acredita-se que dentro dos maracás há uma voz sagrada que é a que os pajés utilizam para conversar com os espíritos que fazem a cura das pessoas que os procuram. A literatura deles teria este componente. “É nosso maracá para a sociedade brasileira”. Para ele, esta geração de escritores indígenas escreve como uma forma de “curar o Brasil”, ajudando a sociedade “a conhecer sua história e não perder de vista a contribuição que os indígenas oferecem”.

Outro “parente” de Munduruku neste movimento que usa a literatura como “arma de defesa do povo indígena” é Olívio Jekupé, de 45 anos,que teve que abandonar o curso de Filosofia por dificuldades econômicas. Publicando desde 2001, Jekupe é autor de um total de 11 livros, o mais recente “Tekoa – conhecendo uma aldeia indígena”, pela Editora Global. Jekupé, que vive na aldeia guarani Krucutu, em São Paulo, prefere denominar sua literatura de “nativa” e não de “indígena” para diferenciá-la da literatura que os outros escrevem tendo o índio como objeto. “Ela sai de dentro da gente, do que conhecemos, pois escrever sobre índio não é só escrever, é preciso conhecer e viver essa cultura”.

Relatos orais das velhas gerações indígenas

Para Munduruku foi um acaso eles terem caído no gosto do público infantil. Acabou dando certo. “Não é que a gente escrevesse para crianças, é pelo teor das histórias que a gente conta. A gente recebia essas histórias de forma oral. Caía na nossa memória. E o nosso pessoal foi começando a aprender a escrever”.

Muito do que esta geração de autores indígenas faz é verter para o papel as lendas e histórias dos povos indígenas, repletas de conteúdos éticos e morais, que eram transmitidas oralmente para suas crianças há séculos, com clara função educativa.

Por outro lado, a literatura infanto-juvenil também é mais acessível a eles por serem livros menores e relativamente mais fáceis de escrever. Afinal, esta turma só recentemente está sendo escolarizada com a preocupação em resguardar sua identidade étnica, ou seja, “sem desprezar sua identidade, desistir de sua história e desacreditar seus sábios”, observa Munduruku.

Fonte:http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/as-historias-dos-indios-por-eles-mesmos

Agenda de Julho do Tribunal Popular da Terra – CRP – FENED – MIR – TP

Via Sassa Tupinambá:

TRIBUNAL POPULAR DA TERRA – CONVITE PARA ATIVIDADES EM JULHO

...www.tribunalpopular.org

informarções: tribunalpopular2010@gmail.​com




dia 21 – PARTICIPAÇÃO NO SARAU DO FUNDÃO – HORARIO: 19:00 – VIDEO DOCUMENTARIO SOBRE A LUTA INDIGENA NO BRASIL, DEBATE E POESIA LOCAL:

Rua Glen, s/n, uma travessa da Av. Sabin, que começa do ladinho do Metrô Capão Redondo
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dia 24 – EM PARCERIA COM CINIFUSÃO – AS 14H – APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTARIO Mbaraká – A Palavra que Age (DOCUMENTARIO SOBRE A LUTA INDIGENA NO MATO GROSSO DO SUL E DEBATE COM UM DOS AUTORES. A sessão é gratuita e acontece à rua Augusta, 1239, conj 13 e 14

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dia 28 – EM PARCERIA COM A FENED e APOIO DO CRP – TRIBUNAL POPULAR NO ENED – AS 9H SALÃO NOBRE DA FACULDADE DE DIREITO DA USP, LARGO SAO FRANCISCO, CENTRO DE SAO PAULO

O Tribunal Popular e a FENED – Federação Nacional de Estudantes de Direito, realizarão estas sessões do TP como parte da programação do ENED2011.

As 3 sessões são:

1) a questão da terra urbana, utilizando-se dos emblemáticos casos ocorridos neste ano em que comunidades localizadas na periferia sofreram fortemente o impacto das chuvas dado a desordenada urbanização da cidade, a negligência do estatal no que tange a garantia de infra-estrutura básica e condições dignas de moradia (Caso 1 – Direito à moradia e remoções forçadas: Jardim Pantanal);

2) a luta das comunidades indígenas na defesa de sua identidade cultural e de acesso à terra, num contexto de expulsão dessas populações do campo (Caso 2 – Questão indígena: Guarani Kaiowá, Mato Grosso do Sul) – Para esta sessão estarão presentes como testemunhas de acusação 2 lideranças do povo Guarani Kaiowa, do Mato Grosso do Sul e para compor o Juri, Arão da Providencia Guajajara, indígena do Maranhão, advogado e militante do Movimento Indígena Revolucionári e Babau Tupinambá, Cacique do Povo Tupinambá, preso e torturado pela policia federal em 2010 e uma das mais importantes lideranças indígenas do Brasil;

3) a sistemática violência contra as populações pobres, em sua maioria jovens e negros, nos morros cariocas, e o problema do tráfico nas comunidades (Caso 3 – Violência policial e criminalização da pobreza: Complexo do Alemão).

dia 29 – CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA E TRIBUNAL POPULAR CONVIDAM PARA “Tribunal Popular da Terra - Entre a aldeia e a cidade - Estado, território e identidade na visão dos povos indígenas”, as 9h . Participaçoes Já confirmadas, Bruno Simões (Psicologo, Mestrando em Serviço Social pela PUC-SP, Membro do GT Indígena do CRP-SP e Militante do Tribunal Popular), Benedito Prezia (Antropologo, Pastoral Indigenista e Coordenador do Programa Pindorama), Dora Pankararu (Pedagoga, Liderança Indigena Pankararu e CEPISP), Sassá Tupinambá (Movimento Indígena Revolucionario e Militante do Tribunal Popular), Givanildo Manoel (Militante do Tribunal Popular), Cacique Ládio Veron (Aty Guassu e Tribunal Popular), Valdelice Veron (Sociologa, Liderança Guarani Kaiowa, Cacique Babau Tupinamba (APOIME) – ainda faltam algumas confirmações. Local: na Sede do CRP-SP Conselho Regional de Psicologia 6ª Região | R. Arruda Alvim, 89 | próximo estação Metro Clinicas
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Entidades organizadoras:



Conselho Regional de Psicologia – GT Psicologia e Povos Indígenas



O CRP-SP a entidade responsável por orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão do psicólogo no Estado de São Paulo. Uma das instâncias de trabalho e funcionamento do CRP-SP são os Grupos de Trabalho. O GT Psicologia e Povos Indígenas do CRP-SP funciona desde 2005 e nasce das discussões realizadas a partir do Seminário Nacional Subjetividade e Povos Indígenas relizado em parceria com o Conselho Indigenista Missionário em Brasília em .

Ao considerar os desafios da realidade brasileira, o Sistema Conselhos de Psicologia tem apoiado iniciativas que buscam se aproximar das demandas apresentadas pela sociedade e que são, muitas vezes, negligenciadas. É nesse contexto que emerge a aproximação da Psicologia aos Povos Indígenas. Marcados por uma raiz histórica de constante resistência à dominação, os povos indígenas se constituiram no processo sócio-histórico brasileiro ocupando um lugar de subalternidade e constante aviltamento de seus direitos. Essa realidade forjou traços de ordem psicossocial identificados pela comunidades, que comprometem a qualidade de vida e saúde mental desses indivíduos, Nessa medida, a Psicologia e os psicólogos são convocados a encontrar seu lugar nesse campo.



O Tribunal Popular



O Tribunal Popular é um articulação de entidades e movimentos sociais que vêm, desde 2008, unindo esforços para publicizar a violações dos direitos humanos promovidos pelo Estado e buscar reparação às vítimas. Partindo da compreensão comum de que o Estado brasileiro tem suas
instituições e poderes organizados de forma a perpetrar uma cultura de violência contra os mais diversos setores da população, os organizadores decidiram realizar um tribunal simbólico. Ou seja, julgado por aqueles que lutam por seus direitos, o Estado Brasileiro foi para o banco dos réus. A primeira sessão de instrução e julgamento do Tribunal Popular ocoreu nos dias 4, 5 e 6 de dezembro de 2008 no auditório da faculdade de Direito do Largo São Francisco e teve como sessões temáticas a volência estatal contra populações urbanas pobres, contra juventude, contra movimentos sociais e contra população carcerária. No julgamento final o Estado foi declarado culpado.
Ao longo desses dois anos, o Tribunal Popular, vem se consolidando como importante espaço de articulação dos diversos grupos que lutam contra a perversa lógica de criminalização da pobreza e das diferentes formas de organização popular. Para o ano de 2011 estamos organizando o Tribuna Popular da Terra, para discutir a situação das populações no campo e na cidade, na perspectiva de discutir terra e territorialidade e a violência do Estado. Tendo com grande emblema o conjunto de obras do PAC, a política desenvovimentista do Estado tem provocado enorme opressão e deslocamento dos diversos grupos que tem sua vida baseada no campo (Indígenas, Quilombolas, Caiçaras , Ribeirinhos, Lutadores pela Reforma Agrária) e ainda, pescadores. É nesse sentido que o Tribunal Popular convoca a todos e todas a se posicionarem sobre essas ações se somando ao nosso Tribunal.