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sexta-feira, 6 de maio de 2011

DOCUMENTO FINAL DO ACAMPAMENTO TERRA LIVRE 2011

Via site do CIMI:

DOCUMENTO FINAL DO ACAMPAMENTO TERRA LIVRE 2011

PELO DIREITO À VIDA E À MÃE TERRA


Nós, mais de 700 lideranças, representantes de povos e organizações indígenas das distintas regiões do Brasil, reunidos em Brasília–DF, por ocasião do VIII Acampamento Terra Livre, a maior mobilização indígena nacional, considerando o atual quadro de violação dos nossos direitos que se agrava dia a dia sob o olhar omisso e a conivência do Estado brasileiro, viemos de público manifestar a nossa indignação e repúdio pela morosidade e descaso com que estão sendo tratadas as políticas públicas que tratam dos nossos interesses e aspirações.


Animados pelo exemplo e o espírito de luta e coragem dos nossos antepassados, anciãos e caciques que nos presidiram, reiteramos a nossa vontade de continuar unidos na diversidade e de lutar acima das nossas diferenças pela garantia dos nossos direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988 e leis internacionais de proteção e promoção dos direitos indígenas como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos Povos Indígenas.


Diante do Projeto de morte da ofensiva dos interesses do agronegócio, do latifúndio, dos consórcios empresariais, das multinacionais e demais poderes econômicos e políticos sobre as nossas terras e suas riquezas (naturais, hídricas, minerais e da biodiversidade), proclamamos a nossa determinação de defender os nossos direitos, principalmente quanto à vida e à terra e, se preciso for, com a nossa própria vida.


Não admitiremos que o que até hoje preservamos milenarmente – a Mãe Terra – contribuindo para a sustentabilidade ambiental e social do território nacional e do planeta, seja arrancado mais uma vez das nossas mãos ou destruído irracionalmente, como foi há 511 anos pelos colonizadores europeus, em detrimento da vida dos nossos povos e suas futuras gerações.


Não podemos admitir continuar sendo vítimas da voracidade do capitalismo neoliberal, do modelo de desenvolvimento depredador que impera no mundo, inclusive no nosso país, de forma implacável, sob o olhar omisso, a conivência e adesão explícita do governo atual.


Em nome de todos os povos e organizações indígenas do Brasil reivindicamos que a Presidenta Dilma Roussef torne realidade o seu compromisso de garantir o respeito aos direitos humanos, a justiça social, a sustentabilidade ambiental e social proclamada por ela na sua campanha e em viagens internacionais, considerando que nós os povos indígenas, relegados secularmente pelo Estado brasileiro e tratados como empecilhos ao plano de desenvolvimento e crescimento econômico do país, enquanto cidadãos e coletividades étnica e culturalmente diferentes, temos direitos assegurados pela Constituição Federal e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário que devem ser devidamente respeitados.


Dessa forma reivindicamos o atendimento das seguintes demandas.


TERRAS: DEMARCAÇÃO E DESINTRUSÃO


Que a FUNAI crie GTs para dar continuidade aos trabalhos fundiários, voltados a regularizar as terras indígenas, com metas claras para a demarcação, revisão de limites e desintrusão imediata, incluindo o julgamento de casos parados no Supremo Tribunal Federal (STF). A paralisação dos processos demarcatórios e a morosidade nas ações da FUNAI provocam o aumento de conflitos com os invasores das terras indígenas, alongando o sofrimento dos nossos povos e comunidades em todas as regiões do país, situação agravada pelas 19 condicionantes estabelecidas pelo STF.


A FUNAI deve contratar funcionários para atender as demandas específicas de demarcação das Terras Indígenas. O órgão deve ainda tomar providências contra servidores envolvidos com fazendeiros e contrários ao direito territorial dos nossos povos como no Mato Grosso do Sul.


Que não se adote a aquisição de terras para os povos indígenas como substituição do devido procedimento legal de demarcação das terras tradicionalmente ocupadas. Só admitimos esse procedimento em casos em que não se comprove a ocupação tradicional.

É falsa a informação pomposamente divulgada com freqüência pelo governo de que 95% das terras indígenas já foram demarcadas. Ao contrário, além de não ter sido demarcada essa totalidade, a maioria das terras indígenas continuam sendo invadidas, sem que todas as fases de regularização estejam concluídas: relatório de identificação, declaração de reconhecimento, colocação de marcos, homologação, registro, desintrusão. Isso em todas as regiões do país. O Acampamento Terra Livre, por meio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) encaminhará ao Governo um levantamento deste mapeamento que revela a situação crítica das terras indígenas.

Reiteramos que a agilidade na conclusão das distintas fases do procedimento de regularização é necessária para diminuir a crescente judicialização que vem retardando a efetividade das demarcações concluídas pelo Executivo, vulnerabilizando as comunidades frente à violência de grupos contrários ao reconhecimento das terras indígenas e à sua proteção pela União.


Cabe, no entanto, lembrar que demarcar não é suficiente se o governo não adota medidas de proteção e sustentabilidade às terras indígenas, adotando programa especial para a fiscalização e proteção das terras indígenas nas faixas de fronteira, com a participação dos nossos povos e organizações.


EMPREENDIMENTOS QUE IMPACTAM TERRAS INDÍGENAS


Que o Governo da presidenta Dilma garanta a aplicabilidade da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Constituição Federal, respeitando o direito dos nossos povos à consulta livre, prévia e informada, a respeito de empreendimentos que impactam as suas terras. É fundamental para isso que o governo regulamente e institucionalize o direito à consulta. Os povos indígenas devem ser devidamente informadosquanto aos seus direitos evitando que acordos sejam firmados ou políticas de cooptação praticadas, em detrimento de seus direitos. No caso de comunidades impactadas por empreendimentos, a compensação decorrente deve ser permanente e destinada diretamente para a elas, que definirão de forma autônoma quem deverá gerenciar os recursos em questão. Não admitimos que essa gestão seja feita pela FUNAI ou qualquer outra instituição, sem se considerar este pressuposto.


Os nossos povos não podem mais ser vítimas de impactos sociais e ambientais na maioria dos casos irreversíveis provocados por estradas que cortam as terras indígenas, monocultivos (soja, cana de açúcar, bambu, eucaplipto, pinos), a pecuária, o uso de agrotóxicos e outros tantos projetos e empreendimentos econômicos que impactam de forma negativa a nossa vida e cultura, e provocam a judicialização das demarcações de terras, a perseguição e a criminalização de centenas de lideranças nossas. São usinas hidrelétricas como Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, Estreito; projetos de transposição (Rio São Francisco), rodovias, mineração, rede elétrica de alta tensão, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), mansões na orla marítima, assentamentos de colonização, criação de parques nacionais e áreas de preservação, portos, esgotos, usinas de álcool, pedreiras, exploração de calcário e areia, fábricas siderúrgicas, refinarias, gasodutos, termoelétricas, dentre outros. Pelo menos 434 empreendimentos atingem nossos territórios. Os programas desenvolvimentistas do governo federal, vinculados ou não ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vão gerar impactos em 182 terras indígenas, em pelo menos 108 povos.


Por tudo isso, não admitimos que o governo “enfie goela abaixo” empreendimentos do Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC) que ameaçam a continuidade e segurança física, psíquica e cultural dos nossos povos e comunidades.


CRIMINALIZAÇÃO DE LIDERANÇAS INDÍGENAS

Que as lutas dos nossos povos pelos seus direitos territoriais não sejam criminalizadas, sendo eles perseguidos e criminalizados na maioria das vezes por agentes do poder público que deveriam exercer a função de proteger e zelar pelos direitos indígenas.


Denunciamos a articulação existente entre o judiciário, órgãos de segurança e interesses privados, fazendeiros, sobretudo, para criminalizar líderes indígenas. Em alguns estados as polícias militar, civil e federal, e a força nacional ou são omissas ou são utilizadas para expulsar indígenas das terras retomadas. Os fazendeiros, como no sul da Bahia, formam milícias inclusive com a participação de membros da polícia militar e federal.


De acordo com o InfoPen/MJ, pelo menos 748 indígenas estão presos, sendo que muitos são lideranças e outras por luta são perseguidos, submetidas a atos de violência, processos judiciais e com ordem de prisão decretada. Em Pernambuco, a cabeça de uma das lideranças está anunciada por 500 reais.


Lideranças indígenas, mulheres e homens, são assassinados, e os criminosos estão soltos e não são tomadas providências. Reivindicamos que sejam julgados e punidos os mandantes e executores de crimes (assassinatos, esbulho, estupros, torturas) cometidos contra os nossos povos e comunidades.


Juízes ocupantes de terras indígenas ou que defendem interesses de fazendeiros e até de grileiros assentados em áreas demarcadas ou reivindicadas não podem julgar as ações relativas às nossas terras. Devem, portanto, serem impedidos uma vez que são partes interessadas nas ações.

Que o Ministério Público Federal não ofereça denúncia contra lideranças indígenas, uma vez que não se trata de crimes e sim de uma luta coletiva dos povos indígenas pela demarcação de seus territórios tradicionais e demais direitos coletivos constitucionalmente garantidos. O Ministério Público Federal, omisso em alguns casos, deve ao contrário assistir as comunidades e impetrar Habeas Corpus em favor das lideranças que sofrem o processo de criminalização quando em luta por seus territórios.


Que seja fortalecida a Procuradoria da Funai, assegurando o retorno dos Procuradores para a sede das coordenações regionais do Órgão.


Que seja assegurada a liberdade de expressão e de luta dos nossos povos pela garantia de seus direitos, especialmente territoriais.


REESTRUTURAÇÃO DA FUNAI


Queremos uma Funai que deixe de atender aos interesses econômicos e do latifúndio, e que pare de ser órgão licenciador de obras que rasgam nossas terras. Queremos uma Funai com recursos suficientes para retirar os invasores de nossos territórios e, ao mesmo tempo, ter condições de concluir os procedimentos demarcatórios de nossas terras. Chega de paralisia nas demarcações. Queremos uma Funai com condições de defender nossos direitos coletivos e individuais, especialmente de nossas lideranças que são criminalizadas. Queremos um órgão presidido por alguém que realmente tenha compromisso com os interesses e aspirações dos nossos povos e comunidades.

Com a reestruturação da FUNAI, a violação dos nossos direitos se agravou. Os processos de demarcação ficaram paralisados e as terras desprotegidas, sem a presença dos chefes de postos. Que os postos e as coordenações regionais extintos com o decreto 7056, retornem. Considerando que o governo brasileiro violou a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), reivindicamos que esse decreto seja revogado, até que seja discutido e haja consenso com todos os Povos sobre como deve ser a reestruturação e que seja substituído o atual presidente, como tem reivindicado as regiões afetadas por este processo.


Legislação Indigenista

Que o presidente da Câmara dos Deputados inclua na ordem do dia o PL 2057/91 e crie a Comissão Especial para analisar o projeto em questão, a fim de permitir a discussão e apresentação de emendas, considerando as propostas dos nossos povos e organizações, visando à aprovação do novo Estatuto dos Povos Indígenas. Dessa forma, todas as questões de interesse dos nossos povos serão tratadas dentro desta proposta, evitando ser retalhadas por meio de distintas iniciativas legislativas que buscam reverter os avanços assegurados pela Constituição Federal.

Que o governo, por meio de sua bancada, assegure a tramitação e aprovação do Projeto de Lei 3.571/2008 que cria o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), instância deliberativa, normativa e articuladora de todas as políticas e ações atualmente dispersas nos distintos órgãos de Governo. Após cinco anos da existência da Comissão Nacional de Política Indigenista, está na hora da mesma ser substituída pelo Conselho, a fim de evitar maiores desgastes e dificuldades no interior de nosso movimento. Acreditamos que a CNPI já cumpriu a sua função após ter assegurado a consolidação e o encaminhamento do Projeto de Lei do Conselho, que realmente interessa aos povos e organizações indígenas.


Saúde Indígena

Que o Governo garanta os recursos financeiros suficientes para a implementação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e a efetivação da autonomia política, financeira e administrativa dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI`s), com a participação plena e o controle social efetivo dos nossos povos e organizações nos distintos âmbitos, local e nacional, evitando a reprodução de práticas de corrupção, apadrinhamentos políticos, e o agravamento da situação de abandono e desassistência em que estão muitos povos e comunidades indígenas. Garantir, ainda, concurso público diferenciado e a capacitação de quadros indígenas para assumirem responsabilidades no atendimento à saúde indígena.

A demora na transição das responsabilidades da Funasa para a SESAI, em razão de interesses políticos partidários e corporativos, está gerando caos no atendimento básico e insegurança sobre a garantia do saneamento básico nas comunidades indígenas. O Governo da presidenta Dilma deve tomar providências para que os órgãos competentes cumpram as suas responsabilidades institucionais em bem da saúde dos nossos povos.


Educação Indígena


Que o Ministério da Educação assegure a participação dos povos e organizações indígenas na implementação dos territórios etnoeducacionais e que cumpra as resoluções aprovadas pela I Conferência Nacional de Educação Indígena de 2009.


Código florestal


Repudiamos a ofensiva da bancada ruralista, empenhada na alteração do Código Florestal que, certamente, provocará danos irreparáveis às nossas terras e aos recursos naturais que elas abrigam.


Reforma Política


Reivindicamos que no processo da Reforma Política, em curso no parlamento, seja considerado o direito dos nossos povos à participação, inclusive sendo estabelecida uma quota que garanta a nossa representatividade.


Brasília-DF, 05 de maio de 2011

Fonte: http://uniaocampocidadeefloresta.wordpress.com/2011/05/05/documento-final-do-acampamento-terra-livre-2011/

PARK'STÃO

Via Tuxaua Juvenal Payayá:


Em que park’stão os bárbaros?

Ah! Os bárbaros!?

Os Bárbaros dos park’stão?

Não! Os park’stão

No Central Park,

Na pátria do afogão

É lá que mora lê Roi

Do mundo, da vegetação

Vive lê Roi!



Servi-vos na mesa, meus apóstolos

- diz o rei – é banquete

Fruto de sangue bárbaro

Colhidos nos park’s;



Servi-vos deste necta

Outro rei já foi servido

Ora descansa à cavalo

Distraído em jogos de dama,

Por torres e safena,

Bispos e peões do Arizona



No tabuleiro do xadrez

O xeque ao Ocenaus!

E vive o deus Apolo,

Os bispos e as torres!

E as peças dos park’stão

A gritar:

“Qual dos reis está em cheque?



D’outros park’s gritam:

Viva lê Roi!

E mais:

“Ao outro rei não Vivas!”



Vivas que o povo

Do su’dão ao rei!

O povo do jor’dão

O Povo do park’estão.



Apesar das liberdades

Mínimas, pisam nas minas

Em passos e contra passos;

Eis os motivos das minas

Darem vivas ao rei

Vive lê Roi!

Viva!



Reis dos park’stão

Reis do juízo de fora

Bárbaros, bárbaros, bárbaros

Do Central Park e do Afeganistão.
www.juvenal.teodoro@uol.com.br
http://mais.uol.com.br/juvenalpayaya
https://twitter.com/Jpayaya

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Gravador do Juruna

Via Olívio Jekupé:

O gravador do Juruna
Está com o Daniel Munduruku para coletânea

Juruna era um índio xavante que foi eleito o primeiro deputado do Brasil. Ao ser eleito toda a imprensa corriam atrás dele sempre fazendo uma matéria, fazendo muitas perguntas e nisso o povo brasileiro começou a comentar sobre ele e achavam engraçado um índio ser deputado, e a cada vez que falava na imprensa, mais conhecido ficava. E para o povo, era engraçado ver um índio cabeludo, falava um português arrastado, e que no começo não queria usar gravata, pois tinha um costume diferente, tinha vivido a vida toda no cerrado de sua aldeia. Só que como agora se
tornou um deputado então foi obrigado a usar o terno do chamado- homem branco.

O tempo foi passando e ele começou a perceber que muitos políticos muitas vezes falavam algo e não cumpria e outras vezes achava que muitos mentiam, não era sincero no que dizia e nisso certo dia Mario Juruna pensou em algo estranho para a época, resolveu gravar o que eles falavam para que usasse como prova. E que não tinha como mentir, dizer que não tinha falado. E depois que comprou o gravador, falou consigo mesmo:

-Amanhã será o dia serei um fiscal do povo e dos índios porque gravarei tudo o que os deputados falarem.

E no dia seguinte Juruna aparece com um gravador na mão, liga e inicia sua primeira gravação, e a imprensa e os deputados ao ver aquilo acharam muito engraçado e começaram a rir do índio deputado, mas ele não se intimidou, porque sabia que isso seria importante no seu dia a dia.

No dia seguinte foi comentário em todo o Brasil porque saiu em vários jornais, e que para muitos virou uma brincadeira, só que na verdade para o deputado Mario Juruna era uma grande arma que carregava em suas mãos, porque depois que começou a andar com o gravador , muitas vezes os deputados se sentiam preso, e nem sempre diziam o que queria, porque perceberam que o que dissesse poderia depois chegar nas mãos dos jornalista.

Com o tempo muitos que riram do que ele fazia, notaram que aquela brincadeira que muitos achavam era algo sério. E por isso Mario Juruna ficou muito conhecido no Brasil por tudo o que fazia, pela coragem de dizer sempre a verdade, mas o que deixou mais conhecido era andar com o gravador que sempre estava ao seu lado.

Com o passar do tempo muitos começaram a admirar por ele fazer aquilo, gravando tudo e certo dia Mario Juruna foi dar uma palestra em Brasília, e estava um dia muito gostoso, e como sempre estava com o gravador e naquele momento não estava gravando nada, então deixou ao lado de uma mesa, perto do local em que falava. E logo depois que terminou de falar, foi pegar seu gravador que já estava em suas mãos andando por todo o canto há um ano, e tinha desaparecido. O índio deputado se assustou, parecia que ia desmaiar porque sentia algo forte por aquele gravador, um forte sentimento, pois foi o primeiro que tinha comprado, não era qualquer gravador,para ele era o seu predileto. Falou com algumas pessoas que seu gravador tinha sumido, mas nada de encontrar.

Mas no dia seguinte Mario Juruna foi até uma loja e comprou outro gravador, mas sentiu uma tristeza porque não era o primeiro. Tudo bem, pensou, mas ia ter que se acostumar, quem sabe um dia ele encontre quem foi que roubou. E certo dia o índio comentou com outro xavante dizendo que se alguém encontrar um gravador parecido com o dele que olhasse a marca para confirmar que era o dele.

Os anos foram se passando até que o prazo de deputado venceu, Mario Juruna
continuou morando em Brasília e por ali ficou e com aquela angústia de nunca mais ter recuperado seu primeiro objeto da cidade que lhe deixou conhecido em todo o Brasil e que foi sua marca em que fazia justiça aos índios e ao povo, escutando os absurdos dos deputados.

Os anos passaram e ninguém nunca viu o tal do gravador, nem a polícia conseguiu achar, e com o passar dos anos, Mario Juruna havia morrido, foi muito triste porque os povos indígenas perderam um dos grandes defensores da causa indígena, o homem que mostrou a sociedade que os povos indígenas também podem governar na política muito bem, que podemos ter nossos vereadores, deputados estaduais, federais e quem sabe, poderemos ter um índio na Presidência, basta tirar de dentro de si o preconceito porque assim irão conhecer muitos que estão preparados. Mas com a morte foi se também a história de que nunca mais iria encontrar o gravador.

E os anos continuavam passando como sempre passa, e no mês de Outubro de 2009 estava acontecendo o primeiro encontro dos escritores apoiado pela Secretaria da Cultura do Estado de Mato Grosso, e nesse evento foi feito um grande palco no centro da cidade para receber as pessoas que iriam assistirem muitas palestras com índios de vários Estados do Brasil, onde cada um falaria sobre a novidade dessa literatura indígena que poucos conhecem mas que era uma realidade do século. E como presentes estavam o grande líder Ailton Krenak, o famoso Marcos Terena, que além de escritor, é conhecido como o primeiro índio piloto do Brasil, , o Daniel Munduruku,
o maior escritor com livros publicado nesse país, e o Olívio Jekupe, escritor de alguns livros mas que escreve desde 1984, escritor antigo. Aliás, um escritor que acredita que o mundo da literatura escrita pelos povos indígenas é muito importante porque fará com que a sociedade valorize mais os povos indígenas.

Também foi preparado um local para stand onde várias livrarias colocariam seus livros para vender e uma delas era a do NEARIN( Núcleo dos escritores e artistas indígenas),e havia um rapaz chamado Rafael que trabalha no atendimento de vendas dos livros,onde havia livros de vários autores indígenas. E ali iam chegando pessoas a todo momento, olhavam e observavam os livros dos autores.

Já no terceiro dia do evento, o Rafael estava arrumando os livros quando de repente chegou um velho já de uns 70 anos de idade e carregava um gravador em suas mãos e nisso começou a prosear e disse:

-Caro amigo eu queria que você fizesse um favor para mim, gostaria de deixar esse gravador com a entidade de vocês, o NEARIN( Núcleo dos escritores e artistas indígenas). Sei que nas mãos de vocês esse gravador poderá fazer história e ficar guardado para sempre.

-Mas porque quer deixar esse gravador conosco, não é do senhor? Uma lembrança?

-Não, na verdade esse gravador, é do falecido Mario Juruna, certo dia ele esteve em minha casa e esqueceu e nunca mais tive contato e aí ficou comigo até os dias de hoje, e parece que depois que ele morreu, sinto algo no peito me apertando cobrando para devolver o gravador para o Mario Juruna, e como vou entregar se já morreu. Sinto uma pena de não ter conseguido entregar para ele antes de morrer. E todas as noites
parece que vejo ele perto de mim, cobrando, por isso é que resolvi entregar para o NEARIN, sei que ele iria sentir melhor, é como se estivesse devolvido o gravador.

E havia alguns escritores conversando com algumas pessoas que andavam pelos stands aí Rafael foi e disse que ia chamar um dos escritores para receber o gravador e pediu para o velho ficar um estante. Nisso o Rafael chamou dois índios e por conhecidência havia um xavante também nesse evento, que aliás não era escritor, mas fazia algo que o Mario Juruna fazia, gravava as coisas, mas em filme.

Ao chegar no local, o velho não estava mais, e nisso o Rafael começou a contar toda a história que tinha ouvido, e mostrou o gravador deixado pelo velho, que dizia que o Mario Juruna tinha esquecido em sua casa. Aí o xavante riu ao ver aquele gravador e começou a dizer.

-Na verdade o Mario Juruna nunca esqueceu o gravador na casa desse homem, na verdade roubou o gravador do nosso parente, meu pai disse certa vez que o Juruna estava dando uma palestra em Brasília e depois de terminar notou que seu gravador tinha sido roubado e passou alguns anos na esperança de encontrar, mas morreu sem conseguir. E esse homem que trouxe o gravador deve ter sido o próprio que roubou e agora deve estar arrependido, a consciência apertou por dentro. Por isso é que ele deixou com você e fugiu para não deixar pista.

Em seguida o Rafael falou com tom engraçado com aquele sotaque da carioca que tem.

-Pô meu irmão como vamos saber se esse gravador é mesmo do Mario Juruna, vai que o velho é apenas um maluco.

Nisso o índio xavante falou que:

-Existe uma prova que pode ser visto se o gravador era o do Juruna, e contou que quando o Mario Juruna comprou o gravador, ele deixou seu nome em sigla,DMJ(Deputado Mario Juruna. E está escrito dentro do gravador, onde é colocado as pilhas.

Nisso o Rafael riu ao ouvir aquilo e falou para abrir logo porque queria tirar a dúvida. E logo abriram e tiveram uma surpresa, a sigla estava lá, do jeito que foi falado e aí não tiveram dúvida, o gravador era mesmo do grande líder indígena e deputado, e carregando seu gravador para todos os cantos.

E aí o gravador ficou com o NEARIN, pois ia ser de grande valor para o Núcleo, ter algo desse líder e que muitos quando quiserem ver o gravador que fez história poderia ver.

O gravador do Juruna

Celular-011-9845-0268

Olivio Jekupe

http://www.oliviojekupe.blogspot.com

oliviojekupe@yahoo.com.br

Olivio Jekupe- presidente da Associação Guarani Nhe´e Porão,escritor e poeta, autor de varios livros e morador da aldeia Krukutu- São Paulo de Piratininga - Brasil.
Também é palestrante e já esteve na Italia por duas vezes para divulgar seus livros.
O rescem livro em lançamento se chama- Tekoa conhecendo uma aldeia indigena, Editora Global.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

EN UN GIGANTESCO Y PLANIFICADO OPERATIVO ES DETENIDO UN NIÑO MAPUCHE MIEMBRO DE LA COMUNIDAD AUTONOMA TEMUCUICUI

Via Liana Utinguassu:
Abr 29, 2011

WALL – MAPUCHE, Ercilla viernes 29 de Abril, hoy alrededor de las 16 horas, fue violentamente detenido el niño mapuche Patricio Queipul Millanao de tan solo 15 años de edad, miembro de la Comunidad Mapuche Autónoma Temucuicui y sobrino del Lonko Víctor Queipul Huaiquil.
La detención se produjo en un camino cercano a la comunidad, momento cuando este regresaba a la comunidad y s

e dirigía a su casa a visitar a sus familiares, según lo relatado por un testigo que presencio la detención este fue repentinamente rodeados por varios policías de civiles, quienes salieron por los costados del camino, abalanzándose violentamente sobre el y tirándolo al suelo, posteriormente al llegar los carros policiales fue subido a unos de ellos y llevado según información a la segunda comisaria de la Ciudad de Collipulli, lugar donde ha esta hora supuestamente estaría.
Cabe recordar que el Niño Patricio Queipul Millanao (15 años), ha sido varias veces detenido y golpeados por las policías , desde el años 2009 se encontraba viviendo de manera clandestina producto de que el ministerio Publico lo sindica como presunto responsable de cometer varios supuestos atentados en la zona, específicamente el hecho ocurrido en la plaza de peaje del sector Púa ciudad de Victoria el mes de octubre del año 2009, hecho por el cual el Ministerio Publico presento varias acusaciones por los delitos de Asociación Ilícita Terrorista, robo con intimidación, incendio y Homicidio frustrado.
Caber mencionar también que en este caso se encuentran 9 personas miembro de las Comunidad Mapuche Casique Jose Guiñon y la Comunidad Autonoma Temucuicui acusada y bajo medidas cautelares, quienes permanecieron 1 año 7 meses encarcelado.
Después de la detención del niño mapuche, los familiares no han tenido ningún tipo de información, puesto que han sido negadas por las policías, mencionando que el se encuentra acusado por la LEY ANTITERRORISTA.
Por equipo de comunicación Mapuche
Claves: Caso Peaje Púa, Comunidad Autónoma de Temucuicui, comunidad cacique jose guiñon, Malleco, Patricio Queipul Millanao, Prisión Política

Acampamento Terra Livre 2011

Via Renato Santana/CIMI:


Esplanada dos Ministérios é Terra Livre para os povos indígenas
ter, 2011-05-03 11:36

Acampamento segue até quinta-feira (5), quando povos definirão lista de reivindicações para apresentar ao governo federal

03/05/2011



Renato Santana

Cimi

Povos indígenas de todo o país ocupam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no Acampamento Terra Livre 2011. Local de manifestação e abrigo para os índios brasileiros, o evento, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), está em sua oitava edição.

A principal mobilização do Movimento Indígena Brasileiro teve início na madrugada desta segunda-feira, 2 de maio, e segue até a próxima quinta-feira. Integrantes de pelo menos 70 povos levantaram barracas para exigir do governo federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai) que as leis protetoras dos direitos indígenas sejam respeitadas.

O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), José Éden Magalhães, frisou o apoio da entidade ao Terra Livre como espaço de unidade do movimento indígena preocupado com as mais variadas formas de agressão aos territórios das comunidades.

“Acreditamos que outro mundo é possível com os indígenas”, disse. Para ele, os grandes empreendimentos, como a usina de Belo Monte, no Pará, a falta de demarcações das terras indígenas e a criminalização das lideranças são formas de alienar direitos tradicionais e constitucionais dos povos.

A sociedade envolvente cada vez mais encara a construção de barragens e a expansão do agronegócio como sinais de desenvolvimento nacional. No entanto, os indígenas não veem dessa maneira. “A construção de uma hidrelétrica faz com que tudo o que esteja ao redor fique debaixo da água. Como poderemos viver sem nossas florestas? Todo um ciclo da cultura indígena está ali. Desde os nossos antepassados aos animais e aos remédios naturais”, disse Kretã Kaingang.



Vida sob a lona

O ataque aos povos indígenas afeta de maneira semelhante comunidades de todo o Brasil. Algumas situações, porém, revelam o tamanho do descaso das autoridades governamentais, sobretudo da Funai. Os Guarani do Rio Grande do Sul, por não terem terras suficientes demarcadas e homologadas, sobrevivem à beira das rodovias sob barracos de saco preto e lona. Cerca de três mil Guarani estão espalhados pelo estado. Situação também vivenciada pelos Guarani do Mato Grosso do Sul.

Maurício Guarani é uma das lideranças de seu povo. Ele explica que algumas terras foram demarcadas, “mas são muito pequenas e nossa população aumentou (...) nessas terras meu povo também não consegue plantar o alimento”. A vida dos Guarani sob a lona no estado está às margens das rodovias BR-101, BR-116, BR-290 e BR-040. O povo sobrevive sem água potável, assistência médica, o alimento é escasso e falta saneamento básico.

“O Terra Livre é um momento importante de mostrar tudo isso para a presidente Dilma (Roussef) e exigir que nossos direitos sejam respeitados. É o grito Guarani e de todos os povos do país”, afirmou Maurício.



Belo Monte, Bela Morte

No Pará, o desafio dos povos é combater a construção da usina de Belo Monte. Josinei Arara vive com sua comunidade na chamada Volta Grande do Xingu. O empreendimento acabará com a aldeia onde vive, além de outras 29 na região. Para ele, a usina irá destruir a floresta e isso afetará inclusive comunidades que não irão para debaixo da água.

“Não queremos nada que venha destruir nossa Amazônia, nossa floresta. Dela tiramos nossa cultura. Temos de preservá-la para nossos filhos e netos. Vamos lutar até o fim”, salientou. Belo Monte é outra pauta na lista de reivindicações do Terra Livre. A usina se tornou um símbolo, ao lado das prisões e assassinatos de lideranças indígenas, do quanto o governo federal passa por cima de direitos garantidos por lei. A Funai chegou a forjar uma consulta aos povos para a construção da usina.

Josinei Arara relata ameaças sofridas por colonos: “Falam que vão incendiar a aldeia”. Toda pressão sofrida pelos indígenas, inclusive da Polícia Federal como na Serra do Padeiro, sul da Bahia, local onde vive o povo Tupinambá, aumenta cada vez mais. Na plenária do Terra Livre, depoimentos de várias lideranças corroboram com as notícias de assassinatos, mandados de prisão e ameaças de morte.

Neguinho Truká vive com seu povo em Pernambuco. A transposição do rio São Francisco é o empreendimento que põe em risco as aldeias Truká. “Desde 2005 estamos lutando pela demarcação. Com a transposição estima-se que 385 mil hectares de caatinga serão desmatados”, diz. Neguinho relata que uma base do Exército Brasileiro está instalada nas terras Truká como forma de intimidar seu povo.

A resistência acaba sendo a única saída dos povos contra o ataque aos seus direitos. “Os federais somos nós (indígenas). Mas se os federais quiserem vir nos tirar das terras, nós temos as bordunas (espécie de bastão de madeira) para eles”, afirma Isabel Apinajé, do Tocantins.



Evento ao vivo na internet

O Terra Livre pode ser acompanhado, ao vivo, pela internet no endereço eletrônico http://www.ustream.tv/channel/atlindigena

Veja fotos na página do Cimi http://www.cimi.org.br/modules/gallery/show.php?id=1069

Mais sobre o assunto:
Lideranças indígenas participam de encontro em Brasília
Encontro Nacional dos Povos Indígenas em Defesa da Terra e da Vida
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Comentários
Povos indígenas!
Eury Jane - 2011-05-04 15:59
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;II - garantir o desenvolvimento nacional;



III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;II - prevalência dos direitos humanos;



III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

OS ÍNDIOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Este documento traz os artigos da CF/88 que estão relacionados
à situação dos índios brasileiros.


Art. 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;


Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.


Art. 4.º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

III - autodeterminação dos povos;


Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Art. 20. São bens da União:

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 2.º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

XIV - populações indígenas;

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

§ 3.º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.

§ 4.º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

§ 1.º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.

§ 2.º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1.º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1.º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

§ 2.º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

CAPÍTULO VIII

Dos Índios

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1.º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

§ 2.º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3.º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.


§ 4.º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.

§ 5.º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

§ 6.º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.

§ 7.º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §§ 3.º e 4.º.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
ADCT

Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição.

Brasília, 5 de outubro de 1988.

Ulysses Guimarães, Presidente
Mauro Benevides, 1.º Vice-Presidente








responder.



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Edição 426 - de 28 de abril a 4 de maio

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Pindorama: PUC/SP formatura indígena


A RESISTÊNCIA INDÍGENA CONTINENTAL saúda as/os indígenas formandos do Programa Pindorama da PUC/SP

terça-feira, 3 de maio de 2011

Entre verso-e-prosa com Ademario Ribeiro Payayá

Via Ademario Ribeiro Payayá:

Imagem disponivel no blog de Ademario Ribeiro


Você já foi à Bahia? Não? Então vá. É só pegar a estrada que vai para Simões Filho, onde vive Ademario Souza Ribeiro, um filho do povo Payaya. Sua aldeia: Canabrava (atual Miguel Calmon), no Estado da Bahia. Em seu blog Pensamentações, ele mesmo – Ademario - se apresenta:


Sertanejo das Terras dos Payayá, filho de Amélia Souza Ribeiro e de Alberto Severiano Ribeiro (in memoriam)... Escritor (poeta e teatrólogo), diretor teatral, educador ambiental, pesquisador dos povos indígenas e pedagogo. Membro, conselheiro e fundador de diversos coletivos entre estes: ONG ARUANÃ, Associação Muzanzu do Quilombo Pitanga de Palmares e Fundação Crê. Tem publicações diversas em jornais e sites.



Imagem disponivel no blog de Ademario Ribeiro


Em 2010, Ademario completou 52 anos, dos quais 44 anos correspondem ao tempo vivido na cidade. Estudioso da história e da cultura dos povos originários no Brasil, Ademario não esconde sua paixão pela língua Tupi; empregando-a nos poemas de sua autoria, nas peças teatrais que compõe e nas práticas pedagógicas com as crianças da periferia. Diante dessa realidade, cabe até perguntar: é certo dizer que uma língua é morta quando no dia a dia, essa língua ajudando-nos a suportar as dores do mundo? Conversando a respeito de vários assuntos, expomos também as nossas dúvidas em torno da tal Lei 11645/08 e outras questões pertinentes à literatura indígena e ao nosso lugar no mundo. Nesse ritmo, fiz algumas perguntas e ele, generosamente, arrecadou um pedaço do seu precioso tempo para responder o seguinte:


Graça Graúna (GG) – As línguas indígenas podem explicar por que o Português falado no Brasil se diferenciou bastante do falar lusitano. Como você vê a questão?
Ademario Ribeiro (AR) - Sim. Fantasticamente sim! As línguas indígenas contribuem até hoje no enriquecimento da língua portuguesa. As primeiras pesquisas dão conta de que a língua Tupi contribuiu com mais de 10 mil palavras à língua que Camões e Fernando Pessoa falavam. Contudo, há pesquisadores que apontam que mais de 20 mil foram vernaculizadas. Para onde se fosse ou aonde se quisesse chegar, o que se procurasse ou se perdesse, o que comer ou que beber, as distâncias e o lugar de mata, de água boa, o clima, os ciclos da natureza, os gêneros, os acidentes geográficos, etc. Vinha tudo na ponta da língua Tupi.
Toda a nobreza das línguas indígenas e, em particular, o predomínio do Tupi – foram decisivas para transformar o falar lusitano em uma Língua Pindorâmica, mais tarde, poetizada como “Língua Brasileira”.


GG - Considerando o tempo de formação profissional enquanto Diretor Teatral ou como Educador Socioambiental (há m24 anos) e mais 35 anos atuando como Escritor, até que ponto você acha que a sua identidade (étnica) é indispensável à produção do conhecimento?
AR - Minhas reminiscências ameríndias abrem minhas percepções para ver e estar COM as pessoas e COM os entes da Teia da Vida. Através desta dimensão me conecto com o Todo e se dá meu processo de produção de conhecimento. Utilizando-me dos cinco sentidos, vou me acoplando aos rios, ao ar, aos cheiros, às visões, às reminiscências: me reciclando, me curando, me reconectando com O Grande Espírito.


GG - O que você pensa da cultura indígena?
AR - Ela é a ontogenia da humanidade. Princípio e geratriz das culturas humanas. Ela guarda a essência, o segredo das terras, águas e céus. O ventre da fertilidade, o sopro do Grande Espírito que animam as nossas caminhadas, saberes e intervenções, nossas relações com o circular, com os ciclos, com os ancestrais, com as fêmeas, anciões e com as crianças, jovens e guerreiros. A cultura indígena como um Todo é a presença dialógica entre signos, símbolos e significados da nossa aventura na Mãe Terra.


GG - E a respeito de história indígena?
AR - Muito que ser escrita, reescrita, assentada, reassentada, num processo de afirmação do ethos de cada povo/etnia. A cultura e história precisam continuar a circular, fazer seus corrupios. Na cosmologia tupi somos o som (tu) que se pôs de pé (pi). O som que veio do Pai, o som do Criador por onde tudo passou a ter forma. Na história dos povos, a força da palavra esteve muito presente na mulher e através dela inscreveu seu matriarcado. A mãe tece seus fios e sua palavra se conecta com o Todo quando a enuncia. Os pajés têm a palavra que cura e que acalma ou que elucida as nuvens do amanhã. Os anciãos têm a palavra que nos ensina porque em suas caminhadas já se tornaram conhecedores das curvas e nos acalmam quando afoitos ou que nos alertam quando dormimos no ponto. Precisamos acordar e tomar tendência, posição para que tiremos dos subterrâneos as vozes veladas, expatriadas de Pindorama, de Abya Yala, banidas e amesquinhadas pelo eurocentrismo que engendrou as tantas faces dos preconceitos e discriminações e das tragédias que muito abateram os povos indígenas ou que afugentaram e expurgaram para bem distante daquela que chama para si a denominação de “civilização branca” que sob a argamassa dessa ignomínia - esse eurocentrismo fundamentou seus domínios. Muitas águas ainda vão rolar para nos livrar das marcas tão presentes nas almas e comportamentos explícitos e implícitos em nossa sociedade hodierna que mal se disfarçam ou que nos difamam. Nossa história agora não é outra, mas agora quem escreverá não serão os nossos algozes, nossos estigmatizadores – não serão os lobos disfarçados, não serão os “homens bons” ou seus filhos abastados que alisaram os bancos da ciência: nós sim, aqueles que se levantam junto COM seus ancestrais e COM os novos saberes tecidos com a força da nossa cultura e história.


GG- Como você vê a relação entre literatura e direitos humanos?
AR - Primeiro porque literatura é palavra. Tudo se revela quando a palavra soa, chega, voa, põe, impõe ou se esquadrinha no papel: pa (som) lavra: som da cultura humana. A literatura tem a capacidade, a sensibilidade, essa transversalidade e transdisciplinaridade de nos envolver. De estabelecer relações, de anunciar o devir. Cria estratégias e contextos para os valores de uma sociedade pacífica, humanitária se comuniquem com a alma e com o cotidiano das pessoas. A literatura lida com a escrita e a escrita é palavra, signos e assim vão se revelamos os direitos humanos, numa conquista da humanística até que a alteridade seja uma cultura dialogada COM o OUTRO e COM o BEM comum para TODOS.


GG - O que você acha dos recursos que as escolas não-indígenas utilizam na abordagem dos saberes indígenas?
AR - A educação brasileira estereotipou as culturas indígenas e daí, preconceitos e discriminações fundamentaram a práxis pedagógica. Reporto-me sobre um aspecto disto no poema “As coisas como elas são”, de minha autoria:


Se aprende na escola
Que casa de índio é OCA
(isso se for para os Tupi)
e é que também cola
se for para os Wayãpy.


Aonde Yanomami se toca
É XAPONO e a gente a insistir
Chama de MALOCA
Mas para os Xavante é RI
Para os Pataxó é PÃHÃI
É SETHE para os Fulniô
Para os Karajá é HETÔ
Para os Munduruku é uka’a...


E para os Yawalapiti?
E para os Txukahamãe?
E para os Kiriri?
E para os Krahô?
E para os Maxakali?
E para os Xakriabá?
E para os Kaaeté?
E para os Tuxá?
E para os Kantaruré?...
É bom não se confundir
Não é um FEBEAPÁ
E não se fica em pé
Quando seguro não está!!!


GG – A exemplo do espírito crítico que habita em seus poemas, que recursos você aplica na abordagem dos saberes ancestrais?
AR - A metodologia/abordagem se movimenta no levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos acerca do conhecimento sobre os Povos Indígenas no Brasil. As intervenções acontecem num enfoque interdisciplinar: (enfaticamente, história, geografia, língua portuguesa, por exemplo), transdiciplinar: (teatro, poesia, artesanato, música, dança, etc.) com aulas interativas, apresentação de slides, audiovisuais, elaboração de álbuns seriados, elaboração de glossário ilustrado, material expositivo, cartazes, discussão sobre matérias do Jornal Porantim, leituras de textos sobre mitos e lendas, produção de textos, realização de oficina de cerâmica/artesanato, peteca e da língua tupi (da qual sairão o glossário, o canto ritual) e a performance/dramatização, culminando com exposição e artesanal e apresentação poético-musical e teatral, como resultados práticos e atividade avaliativa.


GG - Como você se considera em relação a sua aldeia?
AR - Sou destribalizado. Vivo como proscrito, um Uirás, mas, cúmplices dos meus parentes em seus projetos, ações, compartilhamentos, denúncias, documentos e, ora, a convite do cacique Juvenal Teodoro Payayá e me comprometi a realizarmos o “Projeto do Povo Payayá.” E, a convite de Edgar Otacílio de Oliveira, mestre em Educação, vou contribuir com os índios Kaimbé, um curso de Tupi. O tupinólogo Joubert de Mauro também me deu a sua palavra no sentido compartilhar conosco. Assim tem sido a minha inscrição: junto a você Graça Graúna, à Eliane Potiguara...

GG – Sentir-se “destribalizado” é uma sensação horrível, mas quero lembrar algo que eu já te falei em outras ocasiões. Acredito que é possível dizer – dentro da percepção indígena que o(a) indígena não deixa de ser ele/ela mesmo(a) em contato com o outro (o não-índio), ainda que o(a) indígena more numa cidade grande, use relógio e jeans, ou se comunique por um celular; ainda que uma parabólica pareça ao outro um objeto estranho ou incompatível com a comunidade indígena. Mesmo assim, a indianidade permanece, porque o(a) índio(a), onde quer que vá, leva dentro de si a aldeia. Esse modo de perceber o meu lugar no mundo me leva a refletir mais acerca de algumas questões ainda não resolvidas; uma delas é a Lei 11645/08. Por exemplo: você acredita que material didático utilizado na escola não-indígena é coerente com a realidade dos povos indígenas?
AR - Tua percepção é uma via sem volta. Ela nos direciona. Você, GG, querida kybyra (irmão(a) nos alimenta com esta luz. Quanto aos materiais didáticos, via de regra, não. Eles ainda não dão conta da sociodiversidade, alteridade, identidade, cultura, história, cosmologia, etc. dos povos indígenas. Contudo sabemos de exceções. Dessas, algumas práticas mais pontuais vão por conta de pessoas iguais a você Graça Graúna, Daniel Munduruku, Eliane Potiguara, Juvenal Payaya, Heitor Karai Awá-Ruvixá, entre outras. Depois as pontuais mas que são, obviamente, estimuladoras também e cumprem um papel de emancipação e cidadania. Sobretudo, realizei o Projeto de Intervenção “História e Cultura dos Povos Indígenas: passado presente pra valer”, no Centro Educacional Santo Antônio – CESA, em virtude da 3ª etapa do Estágio Supervisionado, ministrado pela Profª Sandra Augusta de Melo, no curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP e a Faculdade Intercultural da UNEMAT que está realizando esforços e têm instrumentalizado, encorajado e graduado muitos professores indígenas e possibilitando que a sociedade não-indígena passe a reconhecer os povos indígenas e seus direitos.


GG - Em que ocasiões e de que modo você faz uso da Lei 11.645/08?
AR - Nas minhas ações nos mais diversos coletivos, tais como os Territórios de Identidade, Lista de Literatura Indígena, moderada pela escritora e professora Eliane Potiguara; como estudante no Grupo de Pesquisa, liderado por você Graça Graúna que é educadora em literatura, na UPE; nas conferências, palestras e exposições em escolas, associações, ONGs, universidades; nas abordagens artístico-culturais, através da teatrologia, poesia; no compartilhamento de materiais e nos intercâmbios com profissionais de educação, lideranças indígenas, negras e quilombolas. Também, apresentei em Salvador, dia 24, nesse mês, no 2º Seminário: “O Desafio de Educar Trocando Saberes, Renovando Esperanças”, com o CESA: “História e Cultura do Povos Indígenas: Abordagem transversal fortalecida pela Lei 11.645/08”. Sobretudo, tenho tentado articular temas/conteúdos de história, ciências/meio ambiente, língua tupi, direitos humanos, música, arte, literatura e teatro, para sensibilizar e mobilizar pessoas e coletivos ao resgate e valorização dos povos indígenas no Brasil.


GG - Até que ponto a Lei 11.645/08 contribui para que os povos indígenas sejam reconhecidos como os primeiros habitantes do Brasil?
AR - A lei é só um amparo legal. Sozinha ela não se mexe do papel e nem tampouco sai dele para trazer à luz cotidiana e nem à consciência o que está velado nos subterrâneos dos conceitos e preconceitos produzidos pelo eurocentrismo e reparar, devolver, resgatar e reescrever a história e cultura desses povos. Precisamos movimentar forças: governos, instituições de ensino e sociedade civil para que esta lei não fique apenas no papel. Se conseguirmos fazer isso – a 11.645/08, cumprirá em pari passu com as nossas práticas e utopias, a sua função nesse processo já iniciado pelos movimentos indígenas e negros ao longo dos anos. Dessa forma ela poderá contribuir no ensino-aprendizagem quando possamos compartilhar saberes, práticas e valores concernentes aos povos indígenas; na perspectiva da diminuição dos preconceitos e indiferenças que tanto têm violado e violentado seus direitos e vidas. Penso que essa lei torna o invisibilizado mais visível. Por vir à tona não será desconhecido. Por ser contextualizado em suas culturas não serão genéricos: suas faces plurais mostrarão sua sociodiversidade ameríndia, nativa, etc. A dialogia abrirá canais de exposição, debates que apresentarão essa diversidade fazendo com que as percepções se expandam formando um círculo em que as extremidades se encontrem para o reconhecimento das semelhanças e diferenças e que diminuamos as indiferenças.


GG – A nossa conversa em torno da lei 11645/08 é só uma ponta do iceberg. Vamos torcer, então, para que nas escolas a nossa história, a nossa memória, a nossa origem sejam respeitadas de maneira que o outro nos permita ser e estar no mundo. Para agradecer a sua atenção, o seu carinho e a sua sabedoria, tomo a liberdade de apresentar, aqui, o poema intitulado “Aguata py’ýi ou Acelerar os passos”. Este poema escrevi em homenagem aos parentes e às parentes indígenas e em homenagem também a sua poesia que me encanta. Que Ñanderu nos acolha!


Aguata py’ýi ou Acelerar os passos
por Graça Graúna


...e se mil línguas eu também tivesse
levaria teu sonho entre as estrelas
e lá no centro da terra
eu diria: salve negríndio Ademario!

Assim deve ser, assim será
a cada brilho da noite
a cada chama do dia
bem digo a Ñanderu
Nosso Pai verdadeiro:
recebe meu Pai, a alquimia da palavra
dos filhos e filhas da terra
recebe nossa alegria e os nossos sonhos
recebe também nossos desencantos
porque somos tua herança
assim também ressurgidos
mas não somos um, nem cem, nem mil
somos infinitamente filhos da resistência
somos parte do teu ser
Potiguara, Guarani,
Tukano, Xavante,
Sateré, Nambikuara,
Pataxó, Truká,
Terena, Munduruku,
Payaya, Fulni-ô
Xukuru, Tupi,
Yanomami....yanomami....
todos os povos
todas as nações
somos todos
do abaeté da lagoa do Senhor do Bomfim
das ladeiras de Olinda do canavial
da serra do vento da serra do mar
de Norte a Sul
de Leste a Oeste
do Oiapoque ao Chui
somos teus somos nossos
e como diria Ademario
vamos todos assim
- Aguata py’ýi!
"Acelerar os passos!"
- Aguata py’ýi!
"Acelerar os passos!"
- Aguata py’ýi!
"Acelerar os passos!"


Graça Graúna. Aguata py’ýi ou Acelerar os passos Este poema foi publicado pela vez primeira no site Overmundo, em 18 abril de 2009.

Fontes:
http://tecidodevozes.blogspot.com/2011/05/entre-verso-e-prosa-com-ademario.html
http://ademarioar.blogspot.com

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BOLIVIA: Pachamama
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BOLIVIA: CD interactivo: El Mundo de los Aymaras del Lago Titicaca
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AIPIN - México

Via Genaro Bautista/AIPIN:



Regiones Indias,
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ECUADOR: El puente Guadalupe es símbolo de la interculturalidad de zamoranos

ARGENTINA: Rio Negro: La justicia respalda a la empresa Emforsa y ordena desalojar a Mapuche
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ECUADOR: Dirigentes de las Comunidades de Zumbahua víctimas de persecución por la fuerza publica

ECUADOR: Gran debate sobre consulta popular en la radio Iluman
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HAITÍ: AMARC prepara la Conferencia de Comunicación del Caribe
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ARGENTINA: AMARC se solidariza con Radio Minka de Jujuy
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CHILE. Protesta a favor de los mapuches en huelga de hambre
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PERU: VIII Festival Internacional de Cortometrajes Cusco. FENACO PERÚ 2011
SUIZA: Cuestionario del relator James Anaya

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El Quinto Poder

CHILE: Aplicación Convenio 169 en Chile. Solicitud Directa CEACR OIT‏Po​líticas Públ​icas





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OAXACA: Fiesta de los afrodescendientes
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OAXACA: Festival Mayo ¡Una fiesta para todos! a realizarse del 2 al 15 de mayo. 13 al 15 de mayo en la costa chica
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CHILE: Pueblos indígenas se preparan para el censo 2012
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VENEZUELA: Indígenas recordaron su participación en gesta independentista
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VENEZUELA: Pueblos indígenas deben recuperar derechos arrebatados hace 201 años
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VENEZUELA: Nohelí Pocaterra: Constitución de 1811 hizo visibles a los indígenas
Correo del Orinoco

PERU: Primer congresista indígena amazónico de la historia republicana
Ricardo Jiménez / Con Nuestro Perú

INGLATERRA: Libertad a nuestro hermano Leonard Peltier en EEUU- 35 años secuestrado

APY ORÉ REKÓ ARANDÚ

Via Robson Miguel:

No Dia 1º de Maio de 2011 ás 11 horas da manhã, com a participação de Índios da Etnia Tupi Guarani, Pataxó, Baré, Cariri-xocó e outros, o historiador indígena, Cacique e Mestre do Violão Robson Miguel, fará a entrega oficial da sua descoberta antropológica cultural, que é o Cemitério Indígena do Pilar, batizado por ele pelo nome de APY ORÉ REKÓ ARANDÚ, que em Tupi-Guarani quer dizer “Memória Viva Indígena”.
Fato- Por muitos anos se divulgou a existência deste antigo cemitério localizado nas imediações da Igreja do Pilar, como sendo o primeiro de Ribeirão Pires e um dos mais antigos do ABC, que desde o século XVIII eram enterrados os primeiros imigrantes portugueses, espanhóis, italianos, negros escravos e indígenas que trabalharam na construção da Igreja do Pilar datada de 1.714.
O fato inusitado desta descoberta antropológica cultural é a localização exata de um possível aldeamento indígena da antiga Trilha de Jeribatiba, com túmulos sinalizados com árvores de vida longa, chamada pelos índios de Iby-ai, que atendendo o pedido da SEJEL, Robson Miguel encontrou no dia 29 de Março de 2011, curiosamente ás 17:14 horas, utilizando-se dos seus conhecimentos culturais indígenas; região onde vivam os povos indígenas Tupi, Tupi-Guarani, Guarani, Guaianases, Tupinambás, Tamoyos, Muiramomis e outros do tronco Tupi, que habitavam na região do atual Pilar.
Segundo Robson Miguel a Igreja do Pilar foi construída com pedras e taipa indígena, porém sobre um possível aldeamento indígena.
A taipa é uma técnica tradicional indígena milenar que consiste da mistura de barro argiloso com capim e sangue de anta usada para expulsar o bicho de chagas, onde, segundo Robson, para que seja iniciado um aldeamento, alem de se constatar a existência da taipa, os indígenas seguem curiosos detalhes de sobrevivência como: orientação do sol (ao oriente), correntes dos ventos favorecendo nas caçadas contra o vento e a eliminação do mau odor das necessidades fisiológicas diárias e túmulos, presença de frutas e ervas medicinais, água do ribeirão, taipas e a Trilha de Jeribá que é uma palmeira usada para fazer telhados, camas, cestas para carregar frutas e utensílios indígenas.
Liderados pelo Cacique Robson Miguel como o organizador geral do cerimonial indígena, e desejosos de entrar para O Livro dos Recordes - Guinness Book como sendo a Maior Orquestra Indígena do Mundo cantando um Hino Pátrio, 237 índios Tupi e Guarani abrirão a 1ª Festa Indígena de Ribeirão Pires com o Hino Nacional Cantado em Guarani, versão feita e gravada pelo próprio Robson Miguel e Karai Basílio.
Robson Miguel adverte aos convidados que não se trata de um ritual indígena aos mortos e sim da entrega de sua descoberta Antropologia Cultural, que segundo ele, é uma disciplina da ciência humanística e não religiosa, baseada no conhecimento cultural superior social e comportamental de um povo, ou etnia, e nas suas relações com as artes e com o local onde viveu, levando o pesquisador antropólogo cultural á sentir e descobrir o modo de viver deste povo.
O marco histórico do Cemitério Indígena Apy oré rekó arandú tem como Padrinho Cultural o Cacique Raoni.
Assista o momento da descoberta Antropologia Cultural: http://www.youtube.com/watch?v=C0F9cfJPTJ8

PROGRAMAÇÃO DA 1º FESTA INDÍGENA DE RIBEIRÃO PIRES EM COMEMORAÇÃO AO DIA DO TRABALHADOR NO PATIO DA IGREJA DO PILARDATAATIVIDADES DO CERIMONIAL INDÍGENA LOCAL
01 de Maio de 201107h00 - Saída dos Ônibus das Aldeias para o Local do Evento Pátio da Igreja do Pilar
09h00 – Chegada das Caravanas com seus Caciques Indígenas
09h30 – Listagem dos indígenas participantes
10h00 – Reunião de Instrução entre Caciques e o Cerimonial
10h30 – Revisão do Cerimonial, Listagem Geral dos Caciques e das Autoridades presentes, conferencia das peças que serão usadas nas homenagens, quadro da concepção do cemitério indígena e o cocar.Pátio da Igreja do Pilar


10h45 – Primeiro Grito dos Guerreiros Xondaros anunciado pelo assobio do Índio Pataxó Jurará, para a formação e composição do cerimonial dos Caciques e das Autoridades presentes ao palco.
11h00 - Abertura Oficial do Evento 1º Festa Indígena de Ribeirão Pires em comemoração ao Dia do Trabalhador no Pátio da Igreja do Pilar, com Cacique Robson Miguel e 237 Indígenas executando o Hino Nacional Brasileiro em Guarani, versão feita e gravada por Cacique Robson Miguel e Karai Basílio. Clique neste http e Assista: http://www.youtube.com/watch?v=rbIpjvIOpDg
11h15 - Cacique Robson Miguel apresenta o Padrinho Cultural Cacique Raoni que saúda os presentes, falando da importância deste resgate histórico para a cultura indígena, para a Cidade de Ribeirão Pires e para o Brasil.
11h30 - Professora Lilian Zampol faz a entrega do seu quadro “Pilar Passado e Presente“ ao Sr. Prefeito Clovis Volpi, que juntamente com o Cacique Tupy Guarani Ubiratã, o Xeramõi Pitotó, a Liderança Grávida Itamirm e demais caciques indígenas, fará o pronunciamento e a entrega do quadro para a Cidade de Ribeirão Pires. 11h45 – Homenagem ao Dia do Trabalhador com a execução do Tema da Vitoria com imitação do Carro do Ayrton Senna pelo Cacique Robson Miguel. http://www.youtube.com/watch?v=X_51bD0Y3-A
12h00 - Comunidade indígena homenageia o Secretario Sr. Luiz Gustavo Pinheiro Volpi, dando á ele como agradecimento, um cocar e o nome indígena – “Awa Jaguaretê“ – Homem Onça Verdadeiro.
12h00 - Indígenas e autoridades se cumprimentam no palco e posam para a imprensa, enquanto as comunidades indígenas cantam a musica Nhanambaraeté Ikatu (Vamos nos fortalecer). 12h15 - Cantora Índia Tikuna We’e’ena Miguel canta a musica Maracandei (É uma grande festa). Pátio da Igreja do Pilar

12h30 – Segundo Grito dos Guerreiros Xondaros anunciado pelo assobio do Índio Pataxó Jurará, para que Caciques, Autoridades e Lideranças com os demais Indígenas e convidados, sigam até o Cemitério Indígena Apy oré rekó arandú – (Memória Viva Indígena) no Pátio da Igreja do Pilar. O Estandarte Indígena será levado pelo Xeramõi Pitotó.
12h45 – O Prefeito Clovis Volpi juntamente com as autoridades políticas, religiosas do Pilar, Padrinho Cacique Raoni, Cacique Megaron e Cacique Robson Miguel, fará o Pronunciamento final colocando o Toten como Marco de Inauguração do Cemitério Indígena.
13h00 - Os indígenas seguem para o almoço no Castelo de Robson Miguel e logo após retornam para suas aldeias.
Clique e veja a completa: http://www.ribeiraopires.sp.gov.br/pilar.php
Visite o Blog do Cacique Tukumbó Dyeguaká Robson Miguel:
http://caciquerobsonmiguel2.blogspot.com/Cemitério Indígena Apy oré rekó arandú –Memória Viva Indígena