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domingo, 17 de abril de 2011

CARTA ABERTA DO VALE DO JAVARI

Nós populações indígenas e não indígenas do Município de Atalaia do Norte – AM, de acordo com o IBGE, somos uma população de 15.149 habitantes, sendo 4.797 indígenas das etnias: Mayuruna, Kurúbo, Matís, Kulína, Marúbo e Kanamary, 2.514 ribeirinhos da zona rural e 7.838 na zona urbana. No setor educacional temos 1.867 alunos indígenas municipais, 659 alunos não indígenas, 790 alunos na zona urbana, na área estadual 1994 alunos, perfazendo um total de 5.310 alunos. Estamos preocupados com o desenvolvimento da Educação Escolar Indígena e não Indígena da nossa região.


Os povos indígenas já ao longo dos 60 anos vêm lutando pela melhoria da qualidade de ensino da educação escolar indígena, desde a chegada da missão religiosa, nos anos 50, o exército nos anos 60 e a FUNAI nos anos 70, os quais se comprometiam com a educação junto as comunidades e que não tiveram êxito. O governo brasileiro diante da situação criou a Secretaria de Educação e Apoio a Diversidade - SECAD, no Ministério da Educação – MEC, quando o Estado do Amazonas , criou a Gerência de Educação Escolar Indígena – GEEI, mesmo assim continuamos com lento desenvolvimento na qualidade da educação. Nossas escolas na zona rural e área indígena não possuem uma estrutura física adequada e equipada para nossos alunos. Temos problemas sérios de transporte escolar fluvial e terrestre, tanto na zona rural como urbana principalmente no que tange no deslocamento dos gêneros alimentícios, material didático pedagógico e no translado dos alunos universitários para os municípios vizinhos, uma vez em nosso município ainda não possui pólo universitário.


Falta construção de 20 escolas, 07 Pólos de Educação Escolar. Não foram concluídos os cursos de formação de professores indígenas iniciado desde 2000, falta de material didático nas comunidades e apoio para a elaboração de material didático específico por parte dos professores e o Estado sempre vem jogando responsabilidade para a prefeitura municipal de Atalaia do Norte, onde a mesma tem feito a cobertura mínima para funcionamento das Escolas Municipais.


Por falta de estrutura dos Pólos de Educação, que funcione de 6º ao 9º ano, os jovens estão saindo para cidades vizinhas, abandonando suas comunidades, criando problemas sociais nas cidades vizinhas a terra indígena, se envolvendo em bebidas alcoólicas, drogas e prostituição, casos difícil de frear, sendo mais uma porta de entrada de doenças para as comunidades.


A evasão das famílias está aumentando a cada ano na sede do município, em busca de estudo para seus filhos, esses permanecem definitivamente na sede do município. Mas, nem todos os indígenas conseguem estudar nas escolas, por falta de domínio da língua portuguesa, por timidez, abandonam seus estudos. Assim, dos 600 indígenas 40% estão nas salas de aulas e 60% estão sem condições financeiras para se manterem e se aventuram em busca dessas possibilidades. Tais influências do contato com a sociedade não indígena, os jovens estão deixando de falar a sua língua materna, desvalorizando a sua cultura. A preocupação é a falta de uma casa de apoio para amparar estes estudantes na cidade.


Diante disso, acreditando na nova política de educação, neste novo governo brasileiro, nós povos indígenas e não indígenas do Município de Atalaia do Norte no Estado do Amazonas, visando o avanço e a melhoria da qualidade de ensino da educação na nossa região, vimos por meio desta Carta Aberta do Vale do Javari, pedir ao Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação, as seguintes considerações:


Queremos que Ministro da Educação invista recursos para o nosso município na aquisição de transporte escolar terrestre (04 ônibus) para atender alunos na área urbana e estudantes nas universidades de Benjamim Constant e Tabatinga;


Transportes fluviais, (barco de centro, deslizadores e motor de pequenos portes/ 04 barco escolar) para atendimento as escolas no interior da terra indígena e ribeirinhos no transporte dos materiais didáticos e merenda escolar, a fim de facilitar o funcionamento das escolas;


Construção das 20 escolas indígenas e 14 escolas ribeirinhas, e a reforma de escolas municipais já existentes nas comunidades indígenas e ribeirinhas da zona rural, bem como a construção de mais uma escolas na área urbana para educação infantil e reforma e ampliação das duas escolas já existentes na zona urbana.


Construção dos Pólos de educação Escolar indígena nas sete sub-regiões do Vale do Javari, para funcionamento do 6º a 9º ano e evitar o êxodo de jovens para cidades vizinhas.


Por final nós abaixo assinamos:

Fonte: valedojavari-am@googlegroups.com

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